Os cenários ocultos do caso Battisti

Carlos A. Lungarzo
Cesare Battisti, militante antifascista na Itália de 1970, foi o estrangeiro mais mencionado pela mídia brasileira, que desfechou, entre 2008 e 2011, uma campanha violenta de ódio e aniquilamento jamais vista na história. Battisti foi preso em 1979, acusado apenas de delitos políticos, fugiu da Itália e, anos depois, entre 1982 e 1988, foi julgado, em ausência, em Milão. Só então foi acusado e condenado a duas prisões perpétuas por quatro homicídios, um deles como "cúmplice moral", e nos demais como participante ou executor, mesmo com os verdadeiros autores dos crimes já julgados e até sentenciados. Não houve provas, nem testemunhas, nem indícios, nem advogados reais, os advogados de defesa nestes julgamentos receberam procurações falsificadas. Os fatos foram inventados pelos magistrados com a ajuda de delatores premiados, que tiveram até 80% de suas penas reduzidas. Por que toda essa conspiração? Depois de anos, Battisti obteve refúgio do governo Mitterrand, na França. Com a retirada do asilo francês, fugiu para o Brasil, onde ficou ilegalmente preso por quatro anos, e sua extradição foi alvo de duro julgamento pelo STF e de implacável campanha da mídia. Por que tamanha mobilização contra Battisti? O que nunca foi revelado sobre este caso? O autor, Carlos A. Lungarzo, ativista de direitos humanos, desvenda e revela algumas das motivações ocultas para este linchamento, que tripudiou o direito humanitário, ameaçou a democracia brasileira e a legislação internacional. Read more

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Cesare Battisti, militante antifascista na Itália de 1970, foi o estrangeiro mais mencionado pela mídia brasileira, que desfechou, entre 2008 e 2011, uma campanha violenta de ódio e aniquilamento jamais vista na história. Battisti foi preso em 1979, acusado apenas de delitos políticos, fugiu da Itália e, anos depois, entre 1982 e 1988, foi julgado, em ausência, em Milão. Só então foi acusado e condenado a duas prisões perpétuas por quatro homicídios, um deles como “cúmplice moral”, e nos demais como participante ou executor, mesmo com os verdadeiros autores dos crimes já julgados e até sentenciados. Não houve provas, nem testemunhas, nem indícios, nem advogados reais, os advogados de defesa nestes julgamentos receberam procurações falsificadas. Os fatos foram inventados pelos magistrados com a ajuda de delatores premiados, que tiveram até 80% de suas penas reduzidas. Por que toda essa conspiração?
Depois de anos, Battisti obteve refúgio do governo Mitterrand, na França. Com a retirada do asilo francês, fugiu para o Brasil, onde ficou ilegalmente preso por quatro anos, e sua extradição foi alvo de duro julgamento pelo STF e de implacável campanha da mídia. Por que tamanha mobilização contra Battisti? O que nunca foi revelado sobre este caso? O autor, Carlos A. Lungarzo, ativista de direitos humanos, desvenda e revela algumas das motivações ocultas para este linchamento, que tripudiou o direito humanitário, ameaçou a democracia brasileira e a legislação internacional.

Book Details

Author: Carlos A. Lungarzo
ISBN: 9788581301204
Publisher: Geração Editorial
Publication year: 2012
Cover: Brochura - Paperback / softback
Pages: 384
Language: Português (Brasil)
Dimensions: 23.4 x 15.6 cm

More about the book

Conspitação internacional contra um único homem

Geração Editorial lança Os cenários ocultos do caso Battisti, em que o autor Carlos Lungarzo garante demonstrar que o julgamento de Cesare Battisti no STF foi “uma farsa” e que o ex-guerrilheiro italiano é inocente Após o fim da 2ª Guerra Mundial, os EUA e seus aliados criaram um plano para desestabilizar o bloco soviético e aniquilar a esquerda dos países da Europa. Por razões ideológicas e estratégicas a Itália foi escolhida como cenário principal da operação terrorista Gladio. Esta atuou com assassinatos e ataques a bombas que deixaram centenas de vítimas civis. Gladio foi liderada pelas Forças Armadas, ex-líderes fascistas e grande parte dos novos políticos da Itália e contou com a ajuda da máfia e de instituições confessionais. O terrorismo, a perseguição, a tortura e a miséria geraram numerosos grupos de resistência, entre eles o dos PAC, ao qual pertenceu Cesare Battisti. Capturado em 1979 por delitos considerados pela própria Itália como exclusivamente políticos, Battisti fugiu para o México em 1981. Porém, com ajuda de delatores premiados, que tiveram redução de até 80% em suas penas, os magistrados reabriram o processo dele e lhe imputaram o homicídio de quatro pessoas, sendo que os autores dos crimes já estavam condenados e presos. Sem provas nem testemunhas, com documentos e procurações falsificadas, Battisti foi condenado a duas prisões perpétuas. Fugindo da prisão na Itália, viveu no México e, depois de anos, obteve refúgio do governo Mitterrand, na França. Com a retirada do asilo francês, fugiu para o Brasil, onde ficou preso por quatro anos, enquanto seu processo de extradição era julgado pelo STF. A maior parte da midia condenou Battisti antes mesmo do final do julgamento. A obra Os cenários ocultos do caso Battisti descreve o drama de Battisti em três atos: o cenário de repressão e terrorismo da Itália, o segundo julgamento em Milão e, finalmente, a continuação do linchamento no Brasil. No Brasil, Battisti teve a simpatia de dezenas de organizações humanitárias e sociais e milhares de pessoas, que confrontaram a intensa febre de terrorismo linchador. Durante quatro anos o autor pesquisou extensa documentação, auxiliado por entidades de direitos humanos e grupos ativistas de apoio a Battisti na Europa, analisando em detalhe as fraudes e falácias dos julgamentos, desvendando muito do que estava oculto.  
  Sobre o autor Carlos A. Lungarzo mora no Brasil, é doutor em Ciências Sociais e Ciências Exatas e pós-doutor na área de sociologia matemática pela McGill University (Montreal, Canadá). Foi professor titular das Universidades Estaduais de Campinas (UNICAMP) em São Paulo, e do Rio de Janeiro (UERJ), além de visitante em universidades de vários países. Foi pesquisador do CNPq do Brasil, entre 1988 e 2004. Escreveu artigos em periódicos especializados e publicou nove livros da sua área. É militante voluntário em organizações de direitos humanos e de organismos internacionais de refugiados há mais de 30 anos. Entrevista com o autor O que te motivou a escrever o livro? Sou ativista de direitos humanos há muito tempo. Quando tomei conhecimento de que tinha sido capturado um exilado político italiano no Brasil pensei que a extradição seria rapidamente negada. De fato, o STF tinha recusado a extradição de outros quatro italianos em condições similares e até piores que a de Battisti. O último caso de negativa de extradição foi em 2005. Não tinha motivos para duvidar que o STF continuaria nessa mesma linha. Entretanto, em 2008 comecei a me preocupar pela enorme campanha de linchamento orientada pela grande mídia e por outros setores da sociedade e decidi colaborar com o escritor Celso Lungaretti, que na época publicava grande quantidade de posts em defesa do italiano. Qual a sua relação com Cesare Battisti? Eu nunca tinha ouvido falar dele, nem do grupo específico – chamado PAC – ao qual ele pertencia. Conhecia com bastante detalhe os grandes grupos antifascistas da Itália como Poder Operário, Autonomia Operária e Luta Contínua, mas não o PAC. Quando me embrenhei no problema dele me aproximei do senador Suplicy, que foi a pessoa pública brasileira mais ativa na defesa do escritor. Desde 2009,  passei a visitar  Battisti na prisão de Papuda, no DF. Fiz diversas visitas e acabei me identificando com ele, não apenas como vítima de perseguição, mas com o ser humano bom, generoso e digno que é, além de excelente escritor. Dessa identidade humanista nasceu uma fraterna amizade. Essa amizade não influi neste livro porque o projeto dele estava traçado já nessa época. Antes de conhecer Battisti eu já tinha absoluta certeza de que o STF atuava com parcialidade, animosidade e em pleno acordo com o Estado Italiano. Ele era o principal executor de um verdadeiro “linchamento anunciado”. Você teve acesso a algum material exclusivo? Por quanto tempo pesquisou o caso? Durante mais de três anos consegui levantar amplo material de pesquisa. Recebi relatórios da Anistia Internacional de 1977 a 1982, além de vasto material de diversas entidades da Itália e da França, como Antigone (Itália) e Liga dos Direitos Humanos (França). Destaco o material semiexclusivo, que só era conhecido por um pequeno número de ativistas franceses: a) A sentença 1981 e 1983, com um total de 1500 páginas, que a Itália não pode evitar mostrar à França porque foi exigida como condição para a extradição. Nela, percebe-se que os delitos de Battisti foram políticos: formação de quadrilha, porte de armas, assaltos para financiamento de ações, etc. Não figura nem a menor suspeita de homicídio, nem cumplicidade neles. b) Outro material praticamente exclusivo foi a documentação usada por uma perita grafológica francesa que analisou as procurações que os juízes italianos usaram para argumentar que Battisti tinha advogados. Mas, foi possível provar que essas procurações foram falsificadas. Com as provas reunidas fiz uma apresentação e depois um vídeo onde reproduzo como a magistratura, ou pessoas a ela submetidas, falsificaram esses documentos. c) Outros materiais semiexclusivos foram relativos às negociações de Chirac com o Estado Italiano, em que fica evidente a entrega de Battisti em troca de que a Itália assinasse um novo documento sobre a Integração Europeia que aumentaria o prestígio de Chirac. d) Recebi informação oral semiexclusiva sobre os debates entre membros dos poderes públicos brasileiros sobre o caso, que menciono no livro protegendo a fonte. O que não pude descobrir foi o aporte  financeiro da Itália para sustentar essa campanha, salvo uma notícia menor, sem muita relevância, de um escritor que escreveu um livro contra Battisti e recebeu uma propina bastante modesta: algo entre 20 e 30 mil euros. Mas não pude saber quanto a Itália usou para subornar pessoas poderosas, grandes mídias, etc. Embora tenha recebido informações de alguns dos melhores especialistas europeus em parapolítica italiana, terrorismo de estado, corrupção, etc.,  ninguém tinha informações concretas, que se pudesse comprovar, e, portanto, acrescentar em meu livro. Segundo vários deles, no caso de suborno a pessoas importantes o sigilo é tão absoluto que dificilmente um jornalista consegue furar. Quanto à despesa total da Itália em propinas ouvi boatos variados, que não se pode confirmar, mas alguns falaram de um total de 10 milhões de euros e outros citaram que seria entre 20 e 30 milhões de euros, sem contar as despesas legais, como advogados. Na sua opinião, houve uma conspiração contra Battisti? Por que tamanha mobilização contra ele? Sim, é bastante evidente que se trata de uma conspiração, observando os materiais que estão em meu site e que menciono no livro. Na Itália, a conspiração consistiu no acordo anti-Battisti de todos os setores políticos e jurídicos. Vocês sabem que a Itália é um dos poucos países que não têm esquerda parlamentar. Rifondazione Comunista, que era um grupo de esquerda, perdeu, há alguns anos, todos os seus parlamentares. A primeira conspiração foi entre os fascistas, como La Russa, Fini, Del Corato, e outros, com restos decadentes e corruptos do que já fora o pós-estalinismo, como o Partito Democrático de Sinistra. Ele se denomina “esquerda” (sinistra) para fingir certo pluralismo, mas se nutre de oportunistas políticos, racistas, xenófobos e especialistas em peculato. Há algumas exceções, muito poucas, nos cargos menos poderosos, como vereadores de pequenas cidades, mas eles vivem sob permanente ameaça. O terceiro elemento na conspiração foram as sociedades secretas, como a Máfia e a Igreja, mas, aparentemente, elas tiveram um papel menor. Muitos defensores de Battisti sobre-estimaram o papel de Berlusconi. No meu entender ele simplesmente aproveitou o ódio contra Battisti para tentar ganhar popularidade e dinheiro. Mas o linchamento se originou especialmente entre os fascistas e os antigos stalinistas. Essa conspiração italiana procurou e obteve a cumplicidade de um amplo setor da política brasileira, da classe alta e média-alta do Sul e do Sudeste brasileiro, da magistratura e, sobretudo e de maneira quase absoluta, da grande mídia. A mobilização contra Battisti foi produto da manipulação dos setores poderosos e teve causas diferentes. Na Itália foi um sentimento de vingança, misturado com outros problemas que eu analiso com detalhe no capítulo 20 de meu livro e é impossível fazer um resumo de algumas linhas. Chamo a atenção para a palavra “vingança”, que em italiano é vendeta. Essa palavra está incorporada a várias outras línguas devido ao seu papel especial na cultura italiana. No Brasil a classe média baixa e as camadas mais populares não prestaram a mínima atenção ao assunto. Se indagados diziam que não tinham opinião formada, mas, mesmo as pessoas mais humildes, mas minimamente informadas, se sentiram agredidas pelos insultos da Itália contra o governo e o povo brasileiro. Realmente, no Brasil foi uma mobilização das elites. Por quê? Bom, o STF usou o caso para coagir o governo e continuar seu plano de golpe branco contra o governo do PT, que vem implementando políticas  sociais e gerando avaliações extremamente positivas e vitórias em processos eleitorais. Também para assustar o resto da esquerda do continente. Outros se mobilizaram por dinheiro ou por alguns minutos de fama, comum em intelectuais e profissionais medíocres, professores descerebrados, advogados mercenários, enfim, habitantes do fundo da fossa moral. O que nunca foi revelado do caso? O que sempre esteve oculto durante o processo? Algo que não foi revelado e que eu tampouco consegui apurar foi o que disse acima: quanto dinheiro foi gasto em propinas e quanto recebeu cada um. Outras coisas que foram mantidas ocultas no Brasil pela mídia e por parte do STF são:
  1. Que os assassinatos atribuídos a Battisti tinham autores conhecidos e que todos eles já haviam sido julgados e condenados.
  2. Que os atos de violência da guerrilha urbana na Itália foram uma reação contra a tortura, os massacres, os genocídios feitos pelos fascistas e o pelo aparato do Estado.
  3. Que a própria Itália, ao julgar Battisti, o definiu em 34 parágrafos como autor de delitos políticos e não como preso comum, e que a Itália pedia sua extradição como preso comum. Dos juízes, o único que revelou isto foi Marco Aurélio de Mello, mas, apesar da precisão de sua fala, isso nunca foi divulgado pela mídia brasileira.
  4. Que o STF tinha negado extradição a várias pessoas com perfil semelhante ao de Battisti: os quatro italianos que já mencionei, e alguns latino-americanos (todos citados no livro).
  5. Que os deputados da União Européia que apoiaram a Itália foram menos de 10% do total.
  6. Que no julgamento italiano, com ausência do réu, não foi apresentada nenhuma prova material, nenhum relatório de balística, e nenhuma testemunha do caso (das mais de 20 que foram arroladas) que tenha visto Battisti perto do local dos homicídios.
  7. Que o principal delator de Battisti, Pietro Mutti, nunca mais foi visto, e que as duas reportagens feitas pela revista italiana Panorama foram falsas.
  8. Que calcula-se que entre 70% e 80% do processo foi mantido oculto pelo tribunal de Milão. O material que eu consegui foi obtido através de pessoas influentes na França e de importantes entidades de direitos humanos na Europa.
Há ainda outros detalhes que estavam ocultos para quem não teve acesso a parte do processo e que desvendo e apresento no livro.

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