Esses últimos, os humanos, com exceções, também adoram viajar, conhecer outros lugares, outras gentes e seus modos peculiares de viver. Tomam-se por arejados, abertos e até mais cultos por conta desse hábito.
Talvez por isso usem – para julgar nossas vidas felinas – o critério da extensão territorial ocupada por nossos corpos. E acabam convencidos de que passar o dia todo confinado não pode valer a pena.
Vê-se logo que ainda não aprenderam nada de relevante. E nunca aprenderão.
Por mais que alguns deles – os poucos sábios da história humana na Terra – tenham generosamente se sacrificado para explicar, todos os demais da espécie sempre se recusaram a aceitar o óbvio: que o mais precioso da vida já se encontra em cada um deles. E que o sucesso dessa busca requer preparo. Exercício rigoroso de pensamento. E recato.
Fica fácil de entender por que não saem da rua. Passeiam, viajam e se divertem. Na verdade, permanecem em fuga. Não suportam a verdade que grita em suas almas.
Preferem chafurdar no pântano da ignorância – entretida pelas sombras da falsidade e das mentiras – a resistir, em resiliência, aos percalços e obstáculos que todo caminho de luz costuma impor a quem sempre viveu na sombra.Read more
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Book Details
Author: Clóvis de Barros Filho
ISBN: 9786550471408
Publisher: Citadel
Publication year: 2022
Cover: Brochura - Paperback / softback
Pages: 240
Language: Português (Brasil)
Dimensions: 20.3 x 13.3 cm
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Sobre o autor
Clóvis de Barros Filho (por Epaminondas): Seria de bom tom salvar as aparências. Eu sei bem disso. No mundo humano da hipocrisia não pegaria nada bem um arroubo felino de sinceridade. Conhecendo um pouco como pensam muitos homens e mulheres, todo alinhamento dos reais sentimentos e pensamentos às suas manifestações seria entendido como, no mínimo, muito deselegante. E eu lhes asseguro de que estaria bem-disposto a jogar esse jogo. O cinismo do senso comum. Em nome das boas relações diplomáticas entre os agentes de nossas espécies. Mas, no caso específico do humano Clóvis, com quem convivo, não será possível. Há uma responsabilidade com o universo a honrar. Basta dizer que o meu amigo trabalha de segunda a domingo falando de felicidade para os da sua espécie. E é relativamente bem-sucedido no que faz. Não são poucos os que admitem a influência positiva de suas palavras. Mas quem o conhece de perto não consegue imaginar todas as dores que o acompanham. Claro que há outros humanos que sofrem. Muito mais, talvez. Mas esses eu não conheço. Nada posso falar a respeito. Pronto. Falei.
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